Abril

"longe de mim / solto no ar / dentro do amor / / livre para navegar"

(por arnaldo antunes)


Agora o tempo é real.
Lixo é materia orgânica.
Agora comida sai do peito.
Agora que era lençol, hoje é esteira.

Agora um novo tempo, abril.

Umbigo com umbigo, pele sob pele
amamento, me alimento, faço crescer o presente.

Eu, longe do velho mim.
Tu, ecoando em ti.
Nós, dentro de nós.

O novo tempo abriu.
Abrimos os braços
e pusemos o novo no colo.

Visitas, marmitas.
Falhas, folhas, filhos.
Viva!
Viva é a casa. o corpo de baile, se dança.
Vivo é o menino no peito.
Vivo o.

Agora o tempo é novo, abril.
Agora o tempo é menino.